Grupo Promotor de Estudos Espíritas - SP

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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 1 - Capítulo 13

Sensações e sofrimentos dos Espíritos


Uma das dificuldades que a maioria dos estudantes do Espiritismo encontra, é o de entenderem como é possível a um Espírito, depois da morte física, não perceber que não tem mais o corpo carnal e dizer que sente frio, fome, sede, dor, etc ... Enfim, julgar que continua vivendo normalmente. E, mesmo algum tempo depois do Espírito ter reconhecido não pertencer mais ao mundo terreno, mas estar vivendo no mundo espiritual, continuar sentindo essas mesmas sensações, de fome, frio, dor, etc.

Para a nossa compreensão do problema, vamos transcrever o que consta sobre o assunto, no "Livro dos Espíritos".

--------P - Os Espíritos experimentam as nossas necessidades e sofrimentos físicos?

--------R - "Eles os conhecem, porque os sofreram, não os experimentam, porém, materialmente, como vós outros; são Espíritos".

--------P - E a fadiga, a necessidade de repouso, experimentam-nas?

--------R - "Não podem sentir a fadiga, como a entendeis. Consequentemente, não precisam de descanso corporal como vós, pois que não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas".

O Espírito, entretanto, repousa, no sentido de não estar em constante atividade. Ele não atua materialmente. Sua ação é toda intelectual e inteiramente moral o seu repouso.

Quer isto dizer que momentos há em que o seu pensamento deixa de ser tão ativo quanto de ordinário e não se fixa em qualquer objetivo determinado. É um verdadeiro repouso, mas de nenhum modo comparável ao do corpo.

A espécie de fadiga que os Espíritos são suscetíveis de sentir guarda relação com a inferioridade deles. Quanto mais elevados sejam, tanto menos precisarão repousar".

--------P - Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento?

--------R - "Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que todos os sofrimentos físicos".

--------P - Com é, então, que alguns Espíritos se têm queixado de sofrer frio ou calor?

--------R - "É reminiscência do que padecem durante a vida, reminiscência não raro aflitiva quanto à realidade. Muitas vezes, no que eles assim dizem, apenas há uma comparação mediante a qual, em falta de coisa melhor, procuram exprimir a situação em que se acham. Quando se lembram do corpo que revestiram, têm a impressão semelhante à de uma pessoa que, havendo tirado o manto que a envolvia, julga, passado algum tempo, que ainda o traz sobre os ombros".

Observações:

É comum, em reuniões espirituais, onde se realiza o intercâmbio com o plano espiritual através de médiuns, comparecerem Espíritos que, ao se comunicarem, não tenham a menor noção de estarem "mortos".

Julgam-se perfeitamente vivos e, quando lhes perguntam como é que compareceram àquela reunião, dizem ter vindo em companhia de alguns dos demais assistentes.

Acontece, também, comumente, informarem que foram convidados por uma pessoa, a quem não conheciam antes. E, neste último caso, vem-se a saber que aquela pessoa é um dos guias espirituais da reunião que, conhecendo a necessidade do Espírito receber orientação quanto ao estado espiritual em que se encontra, o convidou e não foi reconhecido por ele como sendo um Espírito, por parecer-lhe estar sendo convidado, simplesmente, por outro homem.

Nova observação:

Para mais subsídios esclarecedores do problema, transcreveremos mais um trecho do "Livro dos Espíritos":

"O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor; essa percepção é o efeito.

A lembrança que a alma conserva da dor pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor, são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se.

Não vemos, todos os dias, a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se fosse real? Não as vemos até causar a morte?

Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro, costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede ou sequer o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão. Lícito, portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito, após a morte".



Referência bibliográfica:
Livro dos Espíritos - segunda parte - capítulo I




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