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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 2 - Capítulo 20

Quanto à criação dos Espíritos


"Os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e privações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadiga e trabalho, conseguintemente sem mérito".

Observação:

Transcreveremos perguntas e respostas que constam de "O Livro dos Espíritos", quanto à criação dos Espíritos, por Deus:

--------P - Que é o Espírito?

--------R - O princípio inteligente do Universo.

--------P - Qual a natureza íntima do Espírito?

--------R - Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.

--------P - Espírito é sinônimo de inteligência?

--------R - A inteligência é um atributo essencial do Espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.

--------P - O Espírito independe da matéria ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?

--------R - São distintos uma do outro. Mas a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.

--------P - Essa união é igualmente necessária para a manifestação do Espírito? (N.B.: Entendemos aqui, por Espírito, o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam).

--------R - É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o Espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.

--------P - Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?

--------R - Pode-se, é fora de dúvidas, pelo pensamento.

--------P - Que definição se pode dar dos Espíritos?

--------R - Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material. (N.B.: A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo).

--------P - Os Espíritos são seres distintos da Divindade ou serão simples emanações ou proporções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?

--------R - Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela e útil, o homem lhe chama sua filha, sua criação. Pois bem, o mesmo se dá com relação a Deus: somos seus filhos, pois que somos obra sua.

--------P - Os Espíritos tiveram princípio ou existem, como Deus, de toda a eternidade?

--------R - Se não tivessem tido princípio seriam iguais a Deus quando, ao invés, são criação sua e se acham submetidos à sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável. Quanto, porém, ao modo por que nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiserdes com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito, nenhum o sabe; aí é que está o mistério.

--------P - Pois que há dois elementos gerais no Universo, o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

--------R - Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.

--------P - A criação dos Espíritos é permanente ou só se deu na origem dos tempos?

--------R - É permanente. Quer dizer, Deus jamais deixou de criar.

--------P - Os Espíritos se formam espontaneamente ou procedem uns dos outros?

--------R - Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade. Mas repito ainda uma vez, a origem deles é um mistério.

--------P - Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?

--------R - Como se pode definir uma coisa quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo. Incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.

--------P - Os Espíritos têm fim? É difícil de se conceber que uma coisa que teve começo possa não ter fim.

--------R - Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que a repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que é sábio aprende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.

--------P - Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?

--------R - Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.

--------P - Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal na ordem das coisas?

--------R - O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.

--------P - Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?

--------R - Estão por toda a parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos deles de contínuo ao vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditadas aos menos adiantados.

--------P - Os Espíritos têm forma determinada, limitada e constante?

--------R - Para vós, não. Para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea.

--------P - Essa chama ou centelha tem cor?

--------R - Tem uma coloração que, para vós, vai do colorido escuro a uma cor brilhante, qual a do rubi, conforme o Espírito é mais ou menos puro.

--------P - Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?

--------R - Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento.

--------P - O pensamento não é a própria alma que se transporta?

--------R - Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois que é a alma que pensa. O pensamento é um atributo da alma.

--------P - O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado ao lugar aonde quer ir?

--------R - Dá-se uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, inteirar-se da distância que percorre, mas também essa distância pode desaparecer completamente, dependendo isso da sua vontade, bem como da sua natureza mais ou menos depurada.

--------P - A matéria opõe obstáculo ao Espírito?

--------R - Nenhum. Eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo lhes são igualmente possíveis.

--------P - Têm os Espíritos o dom da ubiquidade ou seja, um Espírito pode dividir-se ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo?

--------R - Não pode haver divisão de um mesmo Espírito. Mas cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? É um, somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.

--------P - Todos os Espíritos irradiam com igual força?

--------R - Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de cada um.

--------N.B.: Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um pode lançar seus pensamentos para diversos lados, sem que se fracione para tal efeito. Nesse sentido, unicamente, é que se deve entender o dom da ubiquidade atribuído aos Espíritos. Dá-se com eles o que se dá com uma centelha, que projeta longe a sua claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte. Ou, ainda, o que se dá com um homem que, sem mudar de lugar e sem se fracionar, transmite ordens, sinais e movimentos a diferentes pontos.

--------P - São iguais os Espíritos ou há, entre eles, qualquer hierarquia?

--------R - São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.

--------P - As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?

--------R - São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação, traçadas com barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais: Na primeira ordem colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima, os Espíritos puros. Formam a segunda ordem os que chegaram ao meio da escala. O desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira ordem os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam a progresso, eis o que os caracteriza..

--------P - Os Espíritos da segunda ordem, para os quais o bem constitui a preocupação dominante, têm o poder de praticá-lo?

--------R - Cada um deles dispõe desse poder, de acordo com o grau de perfeição a que chegou. Assim, uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Todos, porém, ainda têm que sofrer provas.

--------P - Os da terceira ordem ou categoria, são todos essencialmente maus?

--------R - Não, uns há que não fazem nem o mal nem o bem. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando se lhe depara ocasião de praticá-lo. Há, também, os levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se comprazem antes na malícia do que na maldade e cujo prazer consiste em causar pequenas contrariedades, de que se riem.



Referências bibliográficas:
O Livro dos Espíritos - parte primeira - capítulo II
O Livro dos Espíritos - parte segunda - capítulo I




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