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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 2 - Capítulo 19

Anjos e Demônios


Os anjos, segundo o Espiritismo:

Que haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos fazendo-nos conhecer, ao mesmo tempo, a origem e a natureza de tais seres.

As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém aptos para adquirir o que lhes falta.

O trabalho é o meio de aquisição e o fim - que é a perfeição - é o mesmo para todos.

Conseguem-no mais ou menos prontamente, em virtude do livre arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir.

Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo e, visto serem todos seus filhos, não tem predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei e, assim, sereis árbitros da vossa própria sorte.

Conseguintemente, Deus não criou o mal; todas as suas leis são para o bem e foi o homem quem criou esse mal, divorciando-se dessas leis; se ele as observasse escrupulosamente, jamais se desviaria do bom caminho.

Entretanto, a alma, qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência e, daí, ser falível.

Não lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la. Assim, um passo em falso na senda do mal é um atraso para a alma que, sofrendo-lhe as consequências, aprende à sua custa o que importa evitar.

Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e adianta na hierarquia espiritual, até o estado de puro espírito ou anjo.

Os anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fluindo em sua plenitude a prometida felicidade.

Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste não na ociosidade, mas nas funções que a Deus apraz confiar-lhes e por cujo desempenho se sentem ditosos, tendo ainda nele um meio de progresso.

Os demônios, segundo o Espiritismo:

Em todos os tempos os demônios representaram papel saliente nas diversas teogonias e, posto que consideravelmente decaídos, no conceito geral, a importância que lhes atribui, ainda hoje, dá à questão uma tal ou qual gravidade, por tocar o fundo mesmo das crenças religiosas.

A crença num poder sempre é instintiva no homem. Encontramo-la, sob diferentes formas, em todas as idades do mundo. Mas, se hoje, dado o grau de cultura atingido, ainda se discute sobre a natureza e atributos desse poder, calcule-se que noções teria o homem a respeito, na infância da Humanidade.

A doutrina dos demônios tem origem na antiga crença de existirem dois princípios: o bem e o mal.

O duplo princípio do bem e do mal foi, durante muitos séculos e sob vários nomes, a base de todas as crenças religiosas.

Vemo-lo assim sintetizado em Oromaze e Arimane entre os persas, em Jeová e Satã, entre os hebreus. Todavia, como todo soberano deve ter ministros, as religiões geralmente admitiram potências secundárias ou bons e maus gênios.

Os pagãos fizeram, destes últimos, individualidades com a denominação genérica de deuses e deram-lhe atribuições especiais para o bem e para o mal, para os vícios e para as virtudes.

Os cristãos e os muçulmanos herdaram dos hebreus os anjos e os demônios.

Mas, segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas.

Uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre.

Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e, realmente, lhes pertencesse o mérito.

Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos, segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente, até o anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.

Do expresso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.

Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se no mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos.

O Espiritismo não lhes dá tal nome, por se prender o nome - demônio - à idéia de existir uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, voltados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.

Segundo o Espiritismo, os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. Os que, por apatia, negligência, obstinação ou má vontade, persistem em ficar por mais tempo nas classes inferiores, sofrem as consequências dessa atitude e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração.

Chega-lhes, porém, um dia, a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas consequências; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorar-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento.



Referência bibliográfica:
O Céu e o Inferno - capítulos VIII e IX




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