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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 1 - Capítulo 03

O Perispírito


No Evangelho, os apóstolos Mateus, Marcos e Lucas registram que Jesus subiu ao Monte Tabor para orar, levando consigo os apóstolos Pedro, João e Tiago e estes viram que, enquanto Jesus orava, seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram.

Apareceram, então, dois Espíritos que conversaram com Jesus e os apóstolos reconheceram serem eles Moisés e Elias.

Moisés havia desencarnado há, aproximadamente, 1.400 anos daquela época e Elias desencarnara há uns 600 anos e foram reconhecidos porque estavam sendo vistos pelos apóstolos com um corpo espiritual, ou perispírito, de aparência idêntica ao corpo físico que tinham quando estavam vivendo na Terra.

É a esse corpo espiritual, fluídico, que o Espiritismo denomina de Perispírito.

Este corpo espiritual foi mencionado, também, pelo apóstolo Paulo, em sua epístola I Coríntios, cap. 15, v. 44: "semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural há, também, corpo espiritual".

Quando uma pessoa morre, ou desencarna, do corpo morto afasta-se o Espírito, que se desliga daquele corpo e passa a viver, desde então, no chamado "mundo espiritual".

Se esse Espírito for visto por médiuns videntes ou, então, se ele tornar-se visível às pessoas que o conheceram quando vivia na Terra, essas pessoas o reconhecerão, porque o Espírito continuará tendo a mesma aparência física que tinha quando estava vivo ou encarnado.

É evidente que esse Espírito não estará sendo visto com o seu antigo corpo físico ou carnal, que já foi sepultado, mas estará sendo visto e reconhecido por usar um corpo espiritual que será, na aparência, idêntico ao seu antigo corpo físico.

Esse Espírito estará sendo visto com o seu corpo espiritual ou perispírito.

N.B.: O perispírito é somente um corpo fluídico, de matéria quintessenciada que o Espírito usa: O Perispírito não é o Espírito.

O Espírito propriamente dito, sendo imaterial, é totalmente inapreensível ao nosso entendimento, quanto a que forma, aparência, etc ... possa ter, isto pelo menos enquanto estivermos vivendo na Terra.

Se um Espírito for visto por nós, o veremos sempre com o seu corpo espiritual ou perispírito. Se fosse possível a esse Espírito tirar de si o seu corpo espiritual, não o veríamos mais e nem mesmo poderíamos imaginar, repetimos, que forma, aparência, etc ... ele passaria a ter.

O Espírito conserva o seu perispírito sempre, esteja vivendo no mundo espiritual ou encarnado na Terra.

Durante a encarnação na Terra conserva seu perispírito, sendo-lhe o corpo físico apenas um segundo envoltório, mais grosseiro, mais resistente, apropriado às tarefas que tenha a executar e do qual se despojará por ocasião da morte.

Enquanto estiver vivendo na Terra, o perispírito serve de intermediário entre o Espírito e o corpo, pois é o órgão de todas as sensações.

Relativamente às sensações que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe as impressões e, através do perispírito, estas são transmitidas ao Espírito que, sendo o ser sensível e inteligente, as recebe.

Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode-se dizer que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa.

O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera, que o pensamento e a vontade podem dilatar mais ou menos.

Essa espécie de atmosfera é também, comumente, denominada "aura".

É por isso que há pessoas que, sem estarem em contacto corporal, podem estar em contacto pelos seus perispíritos, permutando automaticamente impressões de simpatia ou antipatia.

Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos.

Por meio do perispírito é que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos fenômenos mediúnicos. A sua natureza etérea não é que impediria isto, pois se sabe que os mais poderosos motores são acionados pelos fluídos mais rarefeitos e mais imponderáveis.

Não há, pois, motivo de espanto quando, usando o perispírito como se fosse uma "alavanca", os Espíritos produzem certos efeitos físicos, tais como pancadas e ruídos de toda espécie, levantamento, transporte ou lançamento de objetos.

Atuando sobre a matéria, podem os Espíritos manifestar-se de muitas maneiras diferentes: por efeitos físicos, quais os ruídos e a movimentação de objetos, pela transmissão de pensamento, pela visão, pela audição, pela palavra, pelo tato, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc. Ou seja, por todos os meios que sirvam para pô-los em comunicação com os homens.

Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível, tendo isso de comum com uma imensidade de fluídos que sabemos existirem, mas que nunca vimos.

O perispírito pode, também, como alguns fluídos, sofrer modificações que o tornam perceptível à vista, quer por uma espécie de condensação, quer por uma mudança na sua disposição molecular.

Ele pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível e retornar instantaneamente ao seu estado etéreo e invisível.

É possível fazer-se idéia desse efeito de materialização e desmaterialização do perispírito, pelo que acontece com o vapor, que passa do estado de invisibilidade ao estado brumoso, depois ao líquido e, em seguida, ao sólido. E que pode retornar, depois, aos estados líquido, brumoso e de invisibilidade.

Mas esses diferentes estados do perispírito resultam da vontade do Espírito e não de uma causa física exterior, como se dá com os gases.

Quando um Espírito aparece para alguém, isso acontece porque ele põe seu perispírito no estado próprio a torná-lo visível. Entretanto, nem sempre basta a sua vontade para fazê-lo visível. É preciso, para que se opere a modificação do seu perispírito, o concurso de umas tantas circunstâncias, que independem dele.

É preciso, também, que ao Espírito seja permitido fazer-se visível a tal pessoa, permissão que nem sempre lhe é concedida, ou somente o é em determinadas circustâncias (vide Livro dos Médiuns, pág. 132).

Outra peculiaridade do perispírito é a penetrabilidade. Matéria nenhuma lhe opõe obstáculos.

Daí vem que não há como impedir que os Espíritos entrem num recinto fechado. Eles visitam o preso, no cárcere, tão facilmente como visitam uma pessoa que está trabalhando no campo.

A natureza do perispírito está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os inferiores não podem mudar ou modificar a condensação do seu envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro.

Existem Espíritos cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável quando comparado com a matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual.

Nessa categoria incluem-se aqueles cujo perispírito é tão grosseiro que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos.

Esses Espíritos, cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se entregues às suas ocupações terrenas. Outros, embora sejam um pouco mais desmaterializados, não o são, contudo, suficientemente para se elevarem acima das regiões terrestres.

Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores e até encarnar neles. Tiram, então, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação de um envoltório fluídico apropriado ao meio em que se encontram.

Fazem como o nobre, que despe temporariamente suas vestes, para envergar trajes plebeus, sem deixar, por isso de ser nobre. É assim que os Espíritos de categoria mais elevada podem manifestar-se aos habitantes da Terra, ou aqui encarnar, em missão de sacrifício, por amor universal.

No desempenho dessas missões esses Espíritos, cujos perispíritos são levíssimos em resultado do seu grau de evolução, não podem manter seus perispíritos nessas condições. Para suportarem os ambientes grosseiros onde vão nascer, fazem um esforço, para eles desagradável, para que seus perispíritos se tornem densos e pesados, apropriados às condições do mundo onde vão encarnar.

Quando encarnam na Terra, sujeitos às leis naturais das reencarnações, esquecem temporariamente o seu passado, mas conservam por intuição a lembrança das regiões de onde vieram e que, em pensamento, vêem. São como videntes no meio de cegos.

Repetimos, os Espíritos retiram do mundo onde vão nascer os elementos com que são plasmados ou modificados seus perispíritos e, no caso da Terra, atraem automaticamente para si, por afinidade, as moléculas materiais quintessenciadas existentes na atmosfera espiritual da Terra.

A atração das moléculas se processa automaticamente, por afinidade, na razão direta da elevação do próprio Espírito. Um Espírito superior atrairá as moléculas elementares mais puras e, um inferior, atrairá as menos puras.

As camadas de fluídos espirituais que cercam a Terra não são homogêneas no seu todo. São o resultado de uma mistura de moléculas elementares que lhe formam a base, mas que estão mais ou menos alteradas por diversas circustâncias, uma das quais são os pensamentos coletivos dos homens.

Os efeitos que esses fluídos produzem estão sempre na razão das partes puras que eles encerram.

Para comparação: A camada de fluídos espirituais que cerca a Terra pode ser comparada às camadas inferiores da atmosfera física, que são mais pesadas, mais compactas, menos puras, do que as camadas superiores.

E também não são homogêneos estes fluídos. São uma mistura de moléculas de diversas qualidades, entre as quais necessariamente se encontram as moléculas elementares que lhes formam a base, porém mais ou menos alteradas. E os efeitos que esses fluídos produzem estarão na razão da soma das partes puras que eles encerram.

Tal, por comparação, o álcool retificado, ou misturado, em diferentes proporções, com a água ou outra substância: seu peso específico aumenta, por efeito dessa mistura, ao mesmo tempo em que sua força e sua inflamabilidade diminuem, embora no todo continue a haver álcool puro.



Referências bibliográficas:
A Gênese - Capítulo XIV
Obras Póstumas - Primeira Parte I




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