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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 1 - Capítulo 04

Da encarnação dos Espíritos


Objetivo da Encarnação

Para facilitar a compreensão do tema, transcrevemos de "O Livro dos Espíritos" algumas perguntas que Kardec fez aos Espíritos, sobre o assunto, e as respostas que recebeu.

--------P - Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

--------R - "Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal, nisso é que está a expiação".

Visa, ainda, outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.

Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

Observação de Kardec: "A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação, eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário, na Natureza".

Mas, continuemos transcrevendo as perguntas e respostas.

--------P - Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem?

--------R - "Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, consequentemente sem mérito".

--------P - Mas, então, de que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isso não os isenta dos sofrimentos da vida corporal?

--------R - "Chegam mais depressa ao fim. Demais, as aflições da vida são, muitas vezes, a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos".

N.B.: Para melhor entendimento do assunto transcrevemos, agora, alguns ítens do livro "A Gênese", sobre o mesmo tema e, para os estudantes que desejarem se aprofundar no assunto, recomendamos a leitura do livro "O Céu e o Inferno", capítulo III, ítens 8 e seguintes.

"O princípio da reencarnação é uma consequência da lei do progresso. Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie?

Se as almas são criadas ao mesmo tempo em que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos; acrescentemos que nenhuma conexão haveria entre elas, nenhuma relação necessária; seriam de todo estranhas umas às outras.

Porque, então, as almas de hoje haveriam de ser mais bem dotadas por Deus, do que aquelas que as precederam? Porque tem aquelas melhor compreensão? Porque possuem instintos mais apurados, costumes mais brandos? Porque têm a intuição de certas coisas, sem as haverem aprendido?

Duvidamos que alguém saia desses dilemas, a menos que admita que Deus crie almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e lugares, proposição inconciliável com a idéia de uma justiça soberana".

"A obrigação que tem o Espírito encarnado, de prover ao alimento do corpo, à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las.

Útil, portanto, ao seu adiantamento, é a sua união com a matéria.

Daí constituir uma necessidade, a reencarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso do globo, que lhe serve de habitação.

É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente".

"Todavia, a encarnação do Espírito não é constante, nem perpétua, é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma imediatamente outro.

Durante mais ou menos considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparada ao que passa no estado de Espírito livre.

No intervalo de suas encarnações o Espírito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento, os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da vida corporal.

Examina o que fez enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para frente, no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação".

"Normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio dele progredir.

À medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é, depura-se, com o subtrair-se à influência da matéria. Sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam, sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado.

Entretanto, como atua em virtude de seu livre arbítrio, pode ele, por negligência ou má vontade, retardar o seu avanço. Prolonga, consequentemente, a duração de suas encarnações materiais que, então, se lhe tornam uma punição pois que, por falta sua, ele permanece nas categorias inferiores, obrigado a recomeçar a mesma tarefa.

Depende, pois, do Espírito, abreviar, pelo trabalho de depuração, executado sobre si mesmo, a extensão do período das encarnações".



Referências bibliográficas:
O Livro dos Espíritos - parte segunda - capítulo II
A Gênese - capítulo XI - ítens 33, depois 24, 25 e 26
O Céu e o Inferno- capítulo III - ítem 8 e seguintes




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