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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 2 - Capítulo 07

Espiritismo e Espiritualismo


A confusão que geralmente se faz entre o Espiritismo e Espiritualismo provém da falta de estudo do "Livro dos Espíritos". O problema foi suficientemente esclarecido por Kardec, logo no início do volume.

A primeira coisa que o estudante de Espiritismo deve saber é que Espiritismo e Espiritualismo são coisas diferentes.

Observamos que, no capítulo I da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, que inicia o "Livro dos Espíritos", está bem claro que Kardec foi o criador da palavra Espiritismo, especialmente para designar a doutrina que ele recebera dos Espíritos.

Essa palavra, portanto, só se aplica à doutrina codificada por Kardec. Outras aplicações são abusivas. Para deixar bem claro o assunto, transcrevemos:

"Para coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos.

As palavras espiritual, espiritualismo, espiritualista, têm uma significação bem definida; dar-lhe outra, para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas já tão numerosas de anfibiologia.

Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; não se segue daí que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo invisível.

Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo empregaremos, para designar esta última crença, as palavras espírita e Espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, têm a vantagem de serem perfeitamente inteligíveis, deixando para espiritualismo a sua significação própria.

Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo têm por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.

Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou, se quiserem, os espiritistas".

Como especialidade, o "Livro dos Espíritos" contém a Doutrina Espírita; como generalidade, liga-se ao Espiritualismo, do qual representa uma das fases. Essa a razão porque traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista.

No segundo diálogo do livro "O que é o Espiritismo", no trecho intitulado "Espiritismo e Espiritualismo", Kardec explica que "as palavras espiritualista e espiritualismo" são inglesas e têm sido empregadas nos Estados Unidos desde que começaram a surgir as manifestações dos Espíritos.

No começo e por algum tempo, também delas se serviram na França. Porém, logo que apareceram os termos espírita e espiritismo, compreendeu-se a sua utilidade e foram imediatamente aceitos pelo público.

Todo espírita é, necessariamente, espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são espíritas.

Assim como não podemos confundir Espiritismo e Espiritualismo, é evidente que não podemos confundir as várias escolas espiritualistas, do passado e do presente, com a Doutrina Espírita.

Examinemos então, atentamente, o que diz Kardec sobre as práticas de feitiçaria e magia, em relação com o Espiritismo: acusam-no de parentesco com a magia e a feitiçaria; porém, esquecem que a astronomia tem por irmã mais velha a astrologia judiciária, ainda não muito distante de nós, e que a química é filha da alquimia, com a qual nenhum homem sensato ousaria hoje ocupar-se.

Ninguém nega, entretanto, que na astrologia e na alquimia estivesse o germe das verdades de que saíram as ciências atuais. Apesar de suas ridículas fórmulas, a alquimia encaminhou a descoberta dos corpos simples e da lei das afinidades.

A astrologia se apoiava na posição e no movimento dos astros, que ela estudara, mas na ignorância das verdadeiras leis que regem o mecanismo do Universo, os astros eram, para o vulgo, seres misteriosos aos quais a superstição atribuía uma influência moral e um sentido revelador.

Quando Galileu, Newton e Képler tornaram conhecidas essas leis, quando o telescópio rasgou o véu e mergulhou nas profundezas do espaço um olhar que algumas criaturas acharam indiscreto, os planetas apareceram como simples mundos, semelhantes ao nosso, e todo o castelo maravilhoso desmoronou.

O mesmo se dá com o Espiritismo, relativamente à magia e à feitiçaria, que se apoiavam também na manifestação dos Espíritos, como a astrologia no movimento dos astros; mas, ignorantes das leis que regem o mundo espiritual, misturavam com essas relações práticas e crenças ridículas, com as quais o moderno Espiritismo, fruto da experiência e da observação, acabou.

Certamente, a distância que separa o Espiritismo da magia e da feitiçaria é maior do que a que existe entre a astronomia e a astrologia, a química e a alquimia. Confundi-las é provar que de nenhuma se sabe patavina (Gênese, capítulo I, ítem 19).

No "Livro dos Espíritos", entre as perguntas 667 e 673, sob os títulos de Politeísmo e Sacrifícios, Kardec fala do Espiritismo na antiguidade, como embaraçado de idéias supersticiosas.

Notemos, entretanto, que na pergunta 668 ele especifica: "Tendo-se produzido em todos os tempos e sendo conhecidos desde as primeiras idades do mundo, não haverão os fenômenos espíritas contribuído para a difusão da crença na pluralidade dos Deuses?

Observemos que, aqui, Kardec está considerando não o Espiritismo no seu aspecto natural, mas como fenomenologia mediúnica, verificada em todos os tempos (religiões, magia, ordens ocultas, etc) e modernamente Kardec considera o Espiritismo como uma doutrina "desembaraçada das idéias supersticiosas".

Não podemos, portanto, confundir as antigas práticas de magia, ordens ocultas, etc (que na atualidade são Umbanda, Quimbanda, Aruanda, etc) com o Espiritismo.




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