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Neste tema Kardec procura mostrar, mais uma vez, o absurdo de nos apegarmos a questões formais, quando tratamos com os Espíritos.
Poderíamos dizer que hoje, depois de tantas reformas ortográficas em nossa língua e em outras várias línguas, esta questão estaria superada.
Mas não é assim. As reformas estabelecem critérios que chegaram, em português, a exigir especialistas nos corpos de revisão das casas editoras.
Como se vê, o problema é atual. É importante conhecê-lo. Para isso vamos verificar o que diz Kardec:
"Passaríamos ligeiramente sobre a objeção de alguns céticos quanto às falhas ortográficas de alguns Espíritos, se ela não nos desse oportunidade a uma observação essencial.
Essa ortografia, deve-se dizer, nem sempre é impecável, mas somente a falta de argumentos pode torná-la objeto de uma crítica séria, com a alegação de que se os Espíritos tudo sabem, devem saber ortografia.
Poderíamos opor-lhes numerosos pecados desse gênero, cometidos por sábios da Terra, sem que lhes tenha diminuído o mérito.
Mas há, neste fato, uma questão mais grave.
Para os Espíritos, principalmente para os Espíritos superiores, a idéia é tudo, a forma não é nada. Livres da matéria, sua linguagem é rápida como o pensamento, pois é o próprio pensamento que entre eles se comunica, sem intermediários.
Devem, portanto, sentir-se mal quando são obrigados, ao se comunicarem conosco, a se servirem das formas mais demoradas e embaraçadas da linguagem humana e, sobretudo, de sua insuficiência e imperfeição, para exporem suas idéias.
É o que eles mesmos dizem, sendo curioso observar os meios que empregam para atenuar esse inconveniente. O mesmo aconteceria conosco se tivéssemos de nos exprimir numa língua de palavras e fraseados mais longos e mais pobres de expressões do que a nossa.
É a dificuldade que experimenta o homem de gênio, impaciente com a lentidão da pena, sempre atrasada em relação ao pensamento.
Compreende-se, pois, que os Espíritos liguem pouca importância às puerilidades ortográficas, principalmente quando tratam de um ensinamento profundo e sério.
Não é, aliás, maravilhoso que se exprimam indiferentemente em todas as línguas, a todas compreendendo?
Disso não se deve concluir, entretanto, que a correção convencional da linguagem lhes seja desconhecida, pois a observam quando necessário.
Por exemplo, a poesia por eles ditada quase sempre desafia a crítica do mais exigente purista, e isto apesar da ignorância do médium".
Instruções aos estudantes
Observar o que Kardec diz quanto à linguagem dos Espíritos superiores, quando livres da matéria, terem linguagem rápida como o pensamento, porque é pelo próprio pensamento que entre eles se comunicam.
Na sequência destes capítulos voltaremos a tratar do assunto com mais detalhes.
Referência bibliográfica:
O Livro dos Espíritos - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita - ítem XIV
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