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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 2 - Capítulo 11

A linguagem do pensamento


No tema anterior observamos que: "Para os Espíritos, principalmente para os superiores, a idéia é tudo, a forma não é nada. Livres da matéria, sua linguagem é rápida como o pensamento, pois é o próprio pensamento que entre eles se comunica, sem intermediários".

E vimos também que: "não é, aliás, maravilhoso que se exprimam indiferentemente em todas as línguas, a todas compreendendo?".

Para melhor compreensão do assunto transcreveremos, para este tema, o que consta do "Livro dos Médiuns" - segunda parte - capítulo XIX - ítem 224:

"O Espírito que se quer comunicar compreende, sem dúvida, todas as línguas, pois as línguas são a expressão do pensamento e é pelo pensamento que o Espírito tem a compreensão de tudo.

Mas, para exprimir esse pensamento, torna-se-lhe necessário um instrumento e este é o médium.

A alma do médium, que recebe a comunicação de um terceiro, não a pode transmitir senão pelos órgãos de seu corpo. Ora, esses órgãos não podem ter, para uma língua que o médium desconheça, a flexibilidade que apresentam para a que lhe é familiar.

Um médium que apenas saiba o português poderá, acidentalmente, dar uma resposta em inglês, por exemplo, se ao Espírito apraz fazê-lo. Porém os Espíritos, que já acham muito lenta a linguagem humana, em confronto com a rapidez do pensamento, tanto assim que a abreviam quanto podem, se impacientam com a resistência mecânica que encontram. Daí, nem sempre o fazerem.

Essa também a razão por que um médium novato, que escreve penosa e lentamente, ainda que na sua própria língua, em geral não obtém mais do que respostas breves e sem desenvolvimento.

Por isso os Espíritos recomendam que, com um médium assim, só se lhes dirijam perguntas simples. Para as de grande alcance, faz-se mister um médium desenvolvido, que nenhuma dificuldade mecânica ofereça ao Espírito.

Ninguém tomaria para seu ledor um estudante que estivesse aprendendo a soletrar. Um bom operário também não gosta de servir-se de maus utensílios.

Acrescentamos outra consideração, de muita gravidade no que concerne às línguas estrangeiras. Os ensaios deste gênero são sempre feitos por curiosidade e por experiência.

Ora, nada mais antipático aos Espíritos do que as provas a que tentem sujeitá-los e a elas jamais se prestam os Espíritos superiores, os quais se afastam, logo que se pretende entrar por esse caminho. Tanto se comprazem nas coisas úteis e sérias, quanto lhes repugna ocuparem-se com coisas fúteis e sem objetivo.

É, dirão os incrédulos, para nos convencermos e esse fim é útil, porque pode grangear adeptos para a causa dos Espíritos.

A isto respondem eles: "nossa causa não precisa dos que têm orgulho bastante para se suporem indispensáveis. Chamamos a nós os que queremos e estes são sempre os mais pequeninos e os mais humildes. Fez Jesus os milagres que lhe pediam os escribas? E de que homens se serviu para revolucionar o mundo? Se quiserdes convercer-vos, de outros meios dispondes, que não a força. Começai por submeter-vos. Não é regular que o discípulo imponha a sua vontade ao mestre".

Daí ocorre que, salvo algumas exceções, um médium exprime o pensamento dos Espíritos pelos meios mecânicos que lhe estão à disposição e, também, que a expressão desse pensamento pode e deve mesmo, as mais das vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios.

Assim, o homem inculto, o campônio, poderá dizer as mais belas coisas, expressar as mais elevadas e mais filosóficas idéias, falando como campônio porquanto, conforme se sabe, para os Espíritos o pensamento a tudo sobrepuja.

Isto responde a certas críticas a propósito das incorreções de estilo e de ortografia, que se imputam aos Espíritos, mas que tanto podem provir dele como do médium.

Apegar-se a tais coisas não passa de uma futilidade. Não é menos pueril que se atenham a reproduzir essas incorreções, com exatidão minuciosa, conforme o temos visto fazerem algumas vezes. Lícito é, portanto, corrigi-las, sem o mínimo escrúpulo, a menos que caracterizem o Espírito que se comunica, caso em que é bom conservá-las, com prova de identidade.

Assim é, por exemplo, que temos visto um Espírito escrever constantemente Jule (sem o "s"), falando de seu neto porque, quando vivo, escrevia desse modo, muito embora o neto, que lhe servia de médium, soubesse perfeitamente escrever o seu próprio nome".



Referência bibliográfica:
O Livro dos Médiuns - segunda parte - capítulo XIX - ítem 224




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