Grupo Promotor de Estudos Espíritas - SP

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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 2 - Capítulo 12

A loucura e o suicídio


Há pessoas que vêm perigo por toda parte, em tudo aquilo que não conhecem, não faltando as que tiram conclusões desfavoráveis ao Espiritismo, pelo fato de terem algumas pessoas, que se entregaram a estes estudos, perdido a razão.

Como podem os homens sensatos aceitar essa objeção? Não acontece o mesmo com todas as preocupações intelectuais, quando o cérebro é fraco?

Conhece-se o número de loucos e maníacos produzidos pelos estudos matemáticos, médicos, musicais, filosóficos e outros?

E devemos, por isso, banir tais estudos?

O que provam esses fatos?

Nos trabalhos físicos estropiam-se os braços e as pernas, que são os instrumentos da ação material. Nos trabalhos intelectuais estropia-se o cérebro, que é o instrumento do pensamento.

Mas se o instrumento se quebrou, o mesmo não aconteceu com o Espírito. Ele continua intacto e, quando se libertar da matéria, não desfrutará menos da plenitude de suas faculdades. Foi, no seu setor, como homem, um mártir do trabalho.

Todas as grandes preocupações intelectuais podem ocasionar a loucura.

As ciências, as artes e a religião fornecem os seus contingentes.

A loucura tem por causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a determinadas impressões.

Havendo essa predisposição à loucura, ela se manifestará com o caráter da preocupação principal do indivíduo, que se tornará uma idéia fixa.

Essa idéia poderá ser a dos Espíritos, naquele que se ocupa do assunto ou a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de uma ciência, da maternidade ou de um sistema político ou social.

É provável que o louco religioso se apresente como louco espírita, se o Espiritismo foi a sua preocupação dominante, como o louco espírita se apresentaria de outra forma, segundo as circunstâncias.

Digo, portanto, que o Espiritismo não tem nenhum privilégio neste assunto. E vou mais longe: digo que o Espiritismo, bem compreendido, é um preservativo da loucura.

Entre as causas mais frequentes de superexcitação cerebral devemos contar as decepções, as desgraças, as afeições contrariadas, que são também as causas mais frequentes do suicídio.

Ora, o verdadeiro espírita olha as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado que elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, em face do futuro que o aguarda. A vida é, para ele, tão curta, tão fugitiva, que as tribulações não lhe parecem mais do que incidentes desagradáveis de uma viagem.

Aquilo que, para outro qualquer, produziria violenta emoção, pouco o afeta, pois sabe que as amarguras da vida são provas para o seu adiantamento, desde que as sofra sem murmurar, porque será recompensado de acordo com a coragem demonstrada ao suportá-las.

Suas convicções lhe dão uma resignação que o preserva do desespero e, consequentemente, de uma causa constante da loucura e do suicídio.

Além disso conhece, pelo exemplo das comunicações dos Espíritos, a sorte daqueles que abreviam voluntariamente os seus dias, através do suicídio, e esse quadro é suficiente para o fazer meditar.

Assim, o número dos que têm sido detidos, à beira do funesto despenhadeiro do suicídio e da loucura, é considerável.

Este é um dos resultados do Espiritismo.

Que os incrédulos riam quanto quiserem. Eu lhes desejo as consolações que o estudo do Espiritismo proporciona a todos que se dão ao trabalho de lhe sondar as misteriosas profundidades.

Entre as causas da loucura devemos incluir, ainda, o pavor, sendo que o medo do diabo já desequilibrou alguns cérebros. Sabe-se o número de vítimas que ele tem feito, ao abalar imaginações fracas com essa ameaça, que cada vez se procura tornar mais terrível, através de hediondos pormenores?

O diabo, dizem, só assusta as crianças. É um meio de torná-las mais ajuizadas. Sim, como o bicho papão e o lobisomem. Mas, quando elas deixam de temê-los, ficam piores do que antes.

E, para conseguir tão belo resultado, não se levam em conta as epilepsias causadas pelo abalo de cérebros delicados.

A religião seria bem fraca se, por não usar o medo, seu poder ficasse comprometido.

Felizmente, assim não acontece. A religião dispõe de outros meios para agir sobre as almas e o Espiritismo lhe fornece os mais eficazes e mais sérios, desde que os saiba aproveitar.

O Espiritismo mostra as coisas na sua realidade e, com isso, neutraliza os efeitos funestos de um temor exagerado.



Referência bibliográfica:
Transcrição de "O Livro dos Espíritos" - Introdução ao estudo da Doutrina Espírita - capítulo XV




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