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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 2 - Capítulo 17

Jesus


- Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de modelo?

"Jesus"

Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o espírito divino o animava ("Livro dos Espíritos", pergunta 625).

Sobre ele, rezam as tradições do mundo espiritual, que na direção de todos os fenômenos do nosso sistema existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.

Essa comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.

A primeira vez verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no tempo e no espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródomos da vida, na matéria em ignição do planeta. E a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção ("Caminhos da Luz", capítulo I).

Sem supor, de maneira nenhuma, que ele fosse o próprio Deus, mas considerando-o unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, Jesus seria mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino.

Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível.

A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluídos terrestres.

Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito a que possuem os homens comuns.

O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluídos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluídos lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem.

Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo médium curador?

Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados, e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros.

Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças.

Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir?

Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus ("Gênese", capítulo XV, ítem 2).

A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte.

No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida.

Desde o seu nascimento até a sua morte, tudo em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade.

São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos.

Depois de sua morte, ao contrário, tudo revela nele o ser fluídico. É tão marcante a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados. ("Gênese", capítulo XV, ítem 65).

Jesus, pois, teve, como homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência ("Gênese", capítulo XV, ítem 66).

Mas Jesus assinala a sua passagem pela Terra também com o selo constante da mais aguda caridade e do mais abnegado amor.

Suas parábolas e advertências estão impregnadas do perfume das verdades eternas e gloriosas. A manjedoura e o calvário são lições maravilhosas, cujas claridades iluminam os caminhos milenários da humanidade inteira e, sobretudo, os seus exemplos e atos constituem um roteiro de todas as grandiosas finalidades, no aperfeiçoamento da vida terrestre.

Com esses elementos, fez uma revolução espiritual que permanece no globo há dois milênios. Respeitando as leis do mundo, aludindo à efígie de César, ensinou as criaturas humanas a se elevarem para Deus, na dilatada compreensão das mais santas verdades da vida.

Remodelou todos os conceitos da vida social, exemplificando a mais pura fraternidade. Cumprindo a Lei Antiga, encheu-lhe o organismo de tolerância, de piedade e de amor, com as suas lições na praça pública, em frente das criaturas desregradas e infelizes, e somente ele ensinou o "amai-vos uns aos outros", vivendo a situação de quem sabia cumpri-lo.

Os Espíritos incapacitados de compreendê-lo podem alegar que as suas fórmulas verbais eram antigas e conhecidas, mas ninguém poderá contestar que a sua exemplificação foi única, até agora, na face da Terra.

A maioria dos missionários religiosos da antiguidade se compunha de príncipes, de sábios ou de grandes iniciados, que saíam da intimidade confortável dos palácios e dos templos; mas o Senhor da semeadura e da seara era a personificação de toda a sabedoria, de todo o amor, e o seu único palácio era a tenda humilde de um carpinteiro, onde fazia questão de ensinar à posteridade que a verdadeira aristocracia deve ser a do trabalho, lançando a fórmula sagrada, definida pelo pensamento moderno, como o coletivismo das mãos aliado ao individualismo dos corações - síntese social para a qual caminham as coletividades dos tempos que passam e que, desprezando todas as convenções e honrarias terrestres, preferiu não possuir pedra onde repousasse o pensamento dolorido, a fim de que aprendessem os seus irmãos a lição inesquecível do "Caminho, da Verdade e da Vida".



Referência bibliográfica, pela ordem que consta na lição:
Livro dos Espíritos - parte 3ª - capítulo I - pergunta 625
A Caminho da Luz - capítulo I
Gênese - capítulo XV - ítens 2, 65 e 66
A Caminho da Luz - capítulo IX




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