Grupo Promotor de Estudos Espíritas - SP

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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO

Parte 1 - Capítulo 15

Dois casos como exemplo: influência para o mal e influência para o bem


O Espírito André Luiz e o Assistente Áulus, em missão de socorro e estudo tinham, durante a noite, aqui na Terra, chegado à porta de um restaurante de baixa categoria.

Conta André Luiz:

Transpusemos a entrada.

As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal-estar. Junto de fumantes inveterados, criaturas desencarnadas, de triste feição, se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam ao hálito de alcoólatras impenitentes ...

Em mesa lautamente servida com fino conhaque um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão, pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia ...

- Estudemos - recomendou o orientador.

O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa, que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava. Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos.

A dupla em trabalho não nos registrou a presença.

- Nesse instante, anunciou Áulus, atencioso, o nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as idéias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mistér.

Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:

- Encontramos, sempre, o que procuramos ser.

Finda a breve pausa, André Luiz perguntou:

- Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em agrupamento espírita comum?

- Não, não está sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejado por entidades perturbadoras.

Após inclinar-se alguns momentos sobre os dois, o instrutor elucidou com benevolência:

- Entre as excitações do álcool e do fumo, que saboreiam juntos, pretendem provocar uma reportagem perniciosa, envolvendo uma família em duras aflições.

Houve um homicídio, a cuja margem aparece a influência de certa jovem senhora, aliada a múltiplas causas em que se formou o deplorável acontecimento. O rapaz que observamos, amigo de operoso lidador da imprensa, é de si mesmo dado à malícia e, com a antena mental ligada para os ângulos mais desagradáveis do problema, ao atender um pedido de colaboração do cronista que lhe é companheiro encontrou, no caso de que hoje se encarrega, o concurso de ferrenho e viciado perseguidor da senhora em foco, interessado em exagerar-lhe a participação na ocorrência, com o fim de martelar-lhe a mente apreensiva e arrojá-la aos abusos da mocidade ...

- Mas como?

- O jornalista, de posse do comentário calunioso, será o veículo de informações tendenciosas ao público. A moça ver-se-á, de um instante para outro, exposta às mais desapiedadas apreciações e, decerto, se perturbará sobremaneira, de vez que não se acumpliciou com o mal, na forma em que se lhe define a colaboração no crime. O obsessor, usando calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o noticiário de sensação, para deprimir a vida moral dela e, com isso, amolecer-lhe o caráter trazendo-a, se possível, ao charco vicioso em que ele jaz.

- E conseguirá?

- Quem sabe?

E, algo triste, o orientador acrescentou:

- Naturalmente a jovem senhora teria escolhido o gênero de provações que atravessa, dispondo-se a lutar, com valor, contra as tentações.

- E se não puder combater com a força precisa?

- Será mais justo dizer: "se não quiser", porque a Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade de solução.

Observação: Exposto o exemplo de influenciação para o mal, passaremos a relatar o exemplo de influência para o bem.

Conta André Luiz:

Retomamos a via pública e, mal recomeçávamos a andar, quando passou por nós uma ambulância, em marcha vagarosa, sirenando forte para abrir caminho.

À frente, ao lado do condutor, sentava-se um homem de cabelos grisalhos a lhe emoldurar a fisionomia simpática e preocupada. Junto dele, porém, abraçando-o com naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe envolvia a cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz.

- Oh! Inquiriu André Luiz, curioso - quem será aquele homem tão bem acompanhado?

Áulus sorriu e esclareceu:

- Nem tudo é energia viciada no caminho comum. Deve ser um médico em alguma tarefa salvacionista.

- Mas, é espírita?

- Com todo respeito que devemos ao Espiritismo, é imperioso lembrar que a benção do Senhor pode descer sobre qualquer expressão religiosa, afirmou o orientador, com expressivo olhar de tolerância. Deve ser, antes de tudo, um profissional humanitário e generoso que, por seus hábitos de ajudar ao próximo, se fez credor do auxílio que recebe. Não lhe bastariam os títulos de espírita e de médico para reter a influência benéfica de que se faz acompanhar.

Para acomodar-se tão harmoniosamente com a entidade que o assiste, precisa possuir uma boa consciência e um coração que irradie paz e fraternidade.

Contudo, podemos qualificá-lo como médium?

Como não? Respondeu Áulus, convicto. É médium de abençoados valores humanos, mormente no socorro aos enfermos, no qual incorpora as correntes mentais dos gênios do bem, consagrados ao amor pelos sofredores da Terra.

- E, com significativa inflexão de voz, acrescentou:

Como vemos, influências do bem e do mal, na esfera evolutiva em que nos achamos, se estendem por todos os lados e, por todos os lados, registramos a presença de faculdades medianímicas que as assimilam, segundo direção feliz ou infeliz, correta ou indígna em que cada mente se localiza. Assim, estudando a mediunidade, nos santuários do Espiritismo, com Jesus, observamos uma força realmente peculiar a todos os seres, de utilidade geral, se sob orientação capaz de discipliná-la e conduzí-la para o máximo aproveitamento no bem. Recordemos a eletricidade que, pouco a pouco, vai transformando a face do mundo. Não basta ser dono de poderosa cachoeira, com o potencial de milhões de cavalos-vapor. É preciso instalar, junto dela, a inteligência da usina para controlar-lhe os recursos, dinamizá-los e distribuí-los, conforme as necessidades de cada um.

Sem isso, a queda d'água será sempre um quadro vivo de beleza fenomênica, com irremediável desperdício.



Referência bibliográfica:
Nos Domínios da Mediunidade - capítulo XV




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